TRANSCORRE | coágulo vermelho - Ensaio autoral

Esse projeto nasceu da união de  pesquisas individuais  que tem como objeto de estudo o corpo como arte.  
Luana, é ume artiste performiste que para além de muitos projetos, possui em uma de suas pesquisas a menstruação, na qual explora diversas formas de comunicar o ciclo em múltiplas linguagens. 
Partindo da troca de outros projetos em conjunto, Luana me fez o convite para traduzirmos juntes essa pesquisa em fotografia. E foi no campo do ensaio conceitual que criamos símbolos fazendo uso da semiótica para passar a mensagem do seu projeto coágulo vermelho, nascendo assim o ensaio TRANSCORRE. 

O primeiro passo para a criação foi escolher a locação, e esse também foi o início para a criação da primeira simbologia. 

Natureza era o ponto de partida, e a água em queda da cachoeira, carregada de metamorfose foi a primeira escolha de narrativa. 
A natureza, assim como o ciclo menstrual, é cíclica. E a relação entre a mãe terra e a menstruação data desde as primeiras comunidades com rituais como "Plantar a lua", por exemplo, no qual o sangue menstrual é voltado para a terra e é considerado um momento sagrado, a hora de se recolher e voltar para si.  

Com os avanços da sociedade, mudanças políticas, sociais e econômicas, tais rituais e conhecimentos foram sendo deixados para trás pela maioria da população. E algo que era sagrado se tornou dito como vergonhoso e sujo.

Hoje, rituais como "Plantar a lua" tem sido resgatados e o tabu do sangue menstrual sendo cada vez mais discutido. E para além desses atos ancestrais o direito à dignidade menstrual ganha voz, que significa ter acesso a produtos e condições de higiene adequados a pessoas que menstruam. 

A importância dessas questões vem sendo discutidas em documentários como Absorvendo o Tabu, ganhador do Oscar em 2019.

A água da cachoeira que transcorre pelas pedras e caminha para a terra nutrindo a vida a sua volta, faz analogia com o sangue que também desce seu caminho e nutri a vida, quando ela se faz presente no útero. 

A escolha do tecido vermelho simboliza o sangue menstrual, e seus longos metros de comprimento dialoga com o movimento do corpo que remete a minha pesquisa "Movimento dos Corpos", no qual desnudos exploram espaços, formas e abstrações.

TRANSCORRE - coágulo vermelho, é então esse estudo do corpo, um movimento perfomático  que se volta para si, um solo que aterra. E busca em seu simbolismo levantar espaço para trocas e questionamentos.